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Álcool
Conheces o álcool em frascos para as feridas? E o álcool desinfetante das mãos e das superfícies? Pois é esse mesmo álcool (o etanol) que surge quando, da fermentação da fruta ou cereais, obtemos o vinho, a cidra ou a cerveja. Também é esse álcool que surge quando da destilação obtemos, por exemplo, uísque ou aguardente.
Poucos minutos depois de se tomar uma bebida alcoólica, o álcool passa para a corrente sanguínea e, com a circulação do sangue, alcança todos os órgãos do corpo humano.
Sabes por que é que a lei proíbe a venda de álcool a menores de 18 anos? Porque só na idade adulta é que órgãos como o fígado e o cérebro ficam suficientemente maduros para processar o álcool.
O corpo de um adulto saudável tem capacidade para dar seguimento a uma determinada quantidade de álcool sem ficar com grandes danos (ver unidade de bebida padrão). Mas há pessoas a quem qualquer quantidade de álcool, mesmo que seja pequenina, fará muito mal! Sabes quais são? Aqui vai uma lista:
- Crianças;
- Mulheres grávidas;
- Mulheres a amamentar;
- Jovens antes de atingirem a idade adulta;
- Adultos/Adultas que vão conduzir
- Adultos/Adultas que vão desempenhar tarefas que exijam perícia ou concentração ou atenção;
- Adultos/Adultas pouco saudáveis ou que tenham alguma doença;
- Idosos/Idosas
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Binge Drinking
Refere-se a um consumo de bebidas alcoólicas intenso e excessivo. Definiu-se que tomar 5 bebidas (no caso dos homens) ou 4 bebidas (no caso das mulheres) no espaço de 2 horas corresponde a uma intoxicação aguda, perigosa por poder causar danos graves para a saúde* e para a segurança, mesmo que só ocorra uma vez na vida.
Como vês, há outros problemas, que não têm nada a ver com dependência, no consumo de bebidas alcoólicas.
* espreita a palavra Enzima
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Binge Watching
Refere-se a um visionamento intenso e excessivo de conteúdos audiovisuais, por exemplo, séries ou entretenimento.
E qual é o problema de se ver uma temporada seguida (ou mais!) da sua série preferida? Será problema se, por causa disso, deixar de cumprir algum compromisso, se ficar com menos horas de sono, se saltar refeições ou as substituir por ‘snacks’, ou se aumentar a própria ansiedade ou o isolamento. Nestes casos, estará a ser prejudicada a saúde física e mental da pessoa, a sua vida social e/ou laboral.
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Biópsia
Exame que permite perceber melhor o tipo de doença em causa. Trata-se, então, de um meio de diagnóstico. Existem muitas formas de realizar a biópsia, dependendo da localização da doença. Em geral, a biópsia implica a recolha de células do órgão afetado, o que pode ser feito inserindo um tipo especial de agulha pela pele. A realização da biópsia não requer que a pessoa fique no hospital e é feita com anestesia local, o que reduz a dor.
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Canábis
A canábis é uma planta. Quer isso dizer que a podemos ter num vasinho em casa ou na floreira? Nem pensar! Estaríamos a violar a lei. (Lei nº30/2000, de 29 de novembro)
É verdade que algumas pessoas que pretendem alterar o seu estado de consciência (ou seja, que querem ter ‘uma moca’) estão dispostas a comprar canábis, ou a sua resina. Mas a sua comercialização é ilegal. Por conter uma substância (o THC) considerada perigosa para a saúde, é ilegal não só comprar e vender, mas também ceder (ou seja, dar), transportar ou consumir canábis e os seus derivados, seja em que quantidade for.
Provavelmente, já ouviste falar de plantações legais de canábis... Sim, essas plantações existem em algumas condições: tiveram que pedir autorização e provar que as plantas têm baixo teor psicoativo (baixo THC) e elevado teor terapêutico por serem ricas numa outra substância (o CBD). Essas plantações servem para a indústria farmacêutica aproveitar o CBD para fazer medicamentos. Por exemplo, para tratar as náuseas provocadas pela quimioterapia.
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Carcinogénicos
Qualquer agente químico (ex: substâncias presentes no cigarro ou outros produtos semelhantes), físico (ex: radiação ultravioleta emitida pelo sol) ou biológico (ex: HPV – vírus do papiloma humano) que possa causar cancro.
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Comissões para a Dissuasão da Toxicodependência (CDT)
Aquando da entrada em vigor da lei de 2001, que descriminaliza o consumo de drogas em Portugal, mas não o despenaliza, foram criadas comissões que integram profissionais da área da saúde e da justiça.
As CDT vieram substituir os tribunais criminais como resposta do Estado ao consumo de drogas, quando as autoridades detetam alguém a comprar ou consumir substâncias ilícitas.
Têm o poder de aplicar sanções administrativas, dar informações sobre as substâncias, dissuadir do seu consumo e de encaminhar pessoas para tratamento quando dele necessitem e sempre com o seu consentimento.
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Craving
O intenso desejo sentido de voltar a consumir a substância ou a praticar o comportamento do qual estamos dependentes, quando o paramos. É um dos sintomas habituais do síndrome de privação.
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Dependência
Diz respeito a um conjunto de fenómenos que pode instalar-se após um uso repetido de substâncias ou a prática habitual de determinado comportamento (ex: dependência do tabaco, dependência do jogo online, etc.)
Caracteriza-se por um desejo muito intenso de consumir a substância ou praticar o comportamento do qual a pessoa está dependente. A pessoa perde o controlo sobre o consumo/comportamento e continua-o apesar das consequências negativas.
Os consumos/comportamentos tornam-se a prioridade na vida da pessoa e esta deixa de cumprir obrigações ou de se interessar por outras atividades que antes lhe davam prazer.
Quando tenta parar o consumo/comportamento, a pessoa sente-se habitualmente muito mal, apresentando diversos sintomas a que chamamos síndrome de privação.
Habitualmente, o ultrapassar da dependência exige ajuda especializada. -
Dependências comportamentais
São também conhecidas como dependências não-químicas ou dependências sem substância. Uma pessoa com uma dependência comportamental sente impulsos fortes para fazer repetidamente a atividade da qual sente falta, mesmo que essa atividade prejudique a sua saúde física, mental ou social.
Em geral as dependências comportamentais seguem uma evolução parecida com a do uso de substâncias, que começa com a sensação de prazer associado ao comportamento em questão, busca do comportamento (inicialmente para sentir prazer, posteriormente para lidar com o stress), e aumento da frequência do comportamento. Este, torna-se cada vez mais habitual e passa a constituir parte significativa da vida diária do indivíduo. Uma pessoa com dependência comportamental passa a experimentar intenso desejo de levar a cabo o comportamento em questão. Apesar das consequências negativas do comportamento para sua vida, a pessoa sente muita dificuldade em o evitar e pode necessitar de ajuda profissional.
Entre os comportamentos comumente associados a este tipo de dependência podemos dar como exemplos, os jogos de azar, os jogos online, a dependência das redes sociais, a visualização de séries inteiras, as compras e a dependência do trabalho (workaholics), entre outros.
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Despenalização e descriminalização
Desde 2001 que, em Portugal, o consumo de drogas, a aquisição e a posse para consumo próprio deixaram de ser crime (descriminalização).
Ou seja, de crime julgado em tribunal e punido com pena de prisão, passou a ser uma contraordenação, que implica sanções administrativas (coimas e trabalho comunitário, por exemplo). Portanto o consumo de drogas não foi despenalizado, foi descriminalizado. Ou seja, o consumo de drogas continua a ser ilegal, seja em que quantidade for, mas já não leva à prisão. (podes ir ver a Lei nº30/2000, de 29 de novembro)
Portugal passou a encarar as dependências como uma questão de saúde e não como uma matéria criminal, permitindo assim que muitos consumidores não traficantes pudessem ter um fácil e rápido acesso a um sistema de tratamento em vez de irem para a prisão.
O tráfico de estupefacientes continua a ser crime punível com pena de prisão.
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Drogas
As drogas não são mais do que as substâncias psicoativas!
Sabes por que é que, atualmente, se prefere utilizar a expressão “substâncias psicoativas” em vez da palavra “droga”? Porque a palavra “droga” costuma ser associada apenas às substâncias ilegais, deixando de fora muitas substâncias danosas. Os mecanismos de atuação destas substâncias correspondem sempre à ativação do circuito de prazer e do sistema de recompensa cerebral e todas elas têm a capacidade de criar dependência, independentemente de serem legais ou ilegais, naturais ou sintéticas.
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Enzima
As enzimas são substâncias orgânicas, existentes no nosso corpo, que atuam nas reações químicas das nossas células. Existem vários tipos de enzima, cada um para um tipo de reação.
No nosso fígado existem umas enzimas que são capazes de metabolizar o álcool, mas só até certa quantidade! Essas enzimas, chamadas álcool desidrogenase (ADH) e aldeído desidrogenase (ALDH), partem a molécula do álcool transformando-a em algo que pode ser processado sem causar lesões. Se o fígado receber uma quantidade de álcool maior do que aquela que as suas enzimas conseguem destruir, ocorrerão danos (para as quantidades de risco, ver Unidade de Bebida Padrão).
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Género
Ao contrário do termo “sexo”, que se refere às características biológicas que definem os seres humanos como feminino ou masculino, como os genitais, o género diz respeito aos papéis, aos comportamentos, às atividades e aos atributos socialmente construídos que uma determinada sociedade considera serem adequados para mulheres e homens, como por exemplo o futebol ser um desporto “para rapazes” e a dança uma modalidade “para meninas”.
Fonte: https://www.cig.gov.pt/bases-de-dados/glossario/
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LGBTIA+
É a sigla usada para referir de forma conjunta as pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans, intersexo, assexuais e demais possibilidades de orientações sexuais ou identidades de género (+).
Fonte: https://www.cig.gov.pt
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Neoplasia
Qualquer crescimento/multiplicação anormal e descontrolado de células que resulta na formação de um tumor (sendo que este pode ser benigno ou maligno). Quando o tumor é maligno, estamos na presença de um cancro.
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Novas Substâncias Psicoativas
Este é o nome que se dá as todas as substâncias psicoativas que, apesar de não constarem das Convenções internacionais que definem as substâncias perigosas, também são capazes de constituir uma ameaça para a saúde, comparável às que estão nas listas das convenções. Conforme diz o SICAD no seu site: (http://www.sicad.pt/PT/Cidadao/SubstanciasPsicoativas/Paginas/detalhe.aspx?itemId=19)
O termo "novo" não se refere unicamente a substâncias recém-inventadas ou recém-sintetizadas, mas também às recentemente disponíveis no mercado ou às que são usadas de forma imprópria (onde se incluem os fármacos psicoativos). De uma forma geral, as Novas Substâncias Psicoativas atualmente sintetizadas, são criadas para imitar os efeitos das existentes naturais ou sintéticas já controladas no âmbito das leis e lista das referidas convenções. Outras são quimicamente semelhantes às substâncias psicoativas controladas, mas ao mesmo tempo suficientemente diferentes em termos da sua estrutura molecular para não serem incluídas nas referidas listas. Tem-se verificado que à medida que o controlo é exercido sobre as Novas Substâncias Psicoativas, são criadas variantes das mesmas
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Orientação Sexual
A orientação sexual é a atração ou ligação afetiva que se sente por outra pessoa.
Heterossexuais: Pessoas que gostam de outras do sexo oposto (rapazes que se interessam por raparigas ou raparigas que se interessam por rapazes).
Homossexuais: Pessoas que gostam do mesmo sexo.
Bissexuais: Pessoas que sentem atração por homens e mulheres (bissexuais).
Assexuais: Pessoas que não se interessam sexualmente ou de forma afetiva por nenhum género.
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Prevenção Indicada
Já foste ao dicionário Priberam ver o que significa a palavra “prevenir”? Se fores, verás que lá se fala em “evitar”. Não faltam perigos nesta nossa vida, e é sempre melhor evitá-los do que sofrê-los. Ora, existem serviços e instituições com a missão de evitar que as pessoas sofram desses perigos. Para que a ação desses serviços resulte, eles têm que ver até que ponto as pessoas que querem ajudar estão a correr riscos. Conforme os riscos que as pessoas estão a correr, a intervenção desses serviços será diferente, ou seja, há vários tipos de prevenção.
Quando os perigos vêm de substâncias capazes de causar dependência (como, por exemplo, o álcool ou a canábis), ou de comportamentos com a capacidade de criar dependência (como, por exemplo, jogar ou estar nas redes sociais), para evitar de maneira eficaz que venham a existir problemas, é preciso ter em conta o nível de risco que está a ser corrido pelas pessoas que têm esse consumo ou esse comportamento.
A prevenção indicada é aquela que se dirige especificamente a pessoas que já estão a correr riscos elevados.
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Quimioterapia
Tipo de tratamento que circula por todo o organismo com o objetivo de destruir as células tumorais (que constituem o tumor). Geralmente aplicada de acordo com um ciclo de tratamento, a quimioterapia pode ser oral, intra-venosa (administrada diretamente na via sanguínea) ou intra-muscular (administrada no músculo).
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Radioterapia
Tipo de tratamento do cancro que utiliza radiação para destruir as células oncológicas. É um tratamento local na medida em que é aplicado apenas na região do corpo em que o tumor se encontra.
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Ressaca
É o nome popular, na gíria, que se dá ao síndrome de abstinência (“Estás a ressacar”)
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Síndrome de privação ou de abstinência
Diz respeito ao conjunto de sintomas que a pessoa apresenta quando tenta parar um consumo/comportamento do qual tem dependência.
Varia muito de substância para substância e de comportamento para comportamento.
Os sintomas podem ser mais físicos (dores, diarreias, espasmos musculares, tremuras) ou mais psicológicos (inquietação, ansiedade, depressão, intenso desejo de voltar ao consumo/comportamento). O mais comum é haver uma combinação dos dois tipos de sintomas.
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Substâncias Psicoativas
São todas as substâncias que atuam diretamente no sistema nervoso central, ou seja, no funcionamento do nosso cérebro. Normalmente, dividimos essas substâncias em 3 tipos, conforme aquilo que fazem ao nosso cérebro:
- Umas, tornam-no mais lento: é o caso do álcool
- Outras, aceleram o funcionamento do nosso cérebro: é o caso da cafeína ou da cocaína
- Outras ainda, trocam as voltas ao cérebro, iludindo-o. Ou seja, enganam-no ao transformar as mensagens que os nossos cinco sentidos nos dão. É o caso do THC presente na canábis, ou do LSD.
Como vês pelos exemplos, existem substâncias psicoativas legais e livres (ex. cafeína), outras são legais mas estão regulamentadas (ex. álcool), outras, são ilegais (ex. canábis ou cocaína). Também és capaz de ter reparado que tanto podem ser substâncias naturais como sintéticas.
Seja qual for o estatuto da substância psicoativa, ao consumi-la estaremos a afetar o funcionamento desta nossa ‘caixa de comando’ que é o cérebro, por isso, é muito importante estarmos corretamente informados acerca dos seus efeitos, tanto imediatos como a longo prazo.
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Tolerância
É um mecanismo de neuroadaptação do nosso organismo que leva à necessidade de utilizar doses cada vez maiores da substância psicoativa ou a aumentar a frequência do comportamento para alcançar os efeitos que no início se conseguiam com doses mais baixas ou com comportamento menos frequente.
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Transgénero
Pessoa cuja identidade de género não corresponde ao sexo que lhe foi atribuído à nascença. Pode desejar ou não desejar a modificação da aparência ou do corpo por meios cirúrgicos, farmacológicos ou de outra natureza.
Fonte: https://www.cig.gov.pt
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Unidade de Bebida Padrão
É possível que já tenhas ouvido dizer, por exemplo, que determinado vinho é menos forte que outro. Neste exemplo, isso significa que determinado vinho tem menor graduação alcoólica do que outro. Ou seja, significa que a mesma quantidade deste outro vinho contém menos álcool do que o primeiro. Isto acontece porque nem todos os vinhos têm a mesma graduação, ou seja, não têm todos a mesma percentagem de álcool puro.
Quando falamos de tipos diferentes de bebidas, ainda maior é a diferença na quantidade de álcool existente em cada uma. Por exemplo, qualquer uísque tem mais álcool do que um vinho. E os vinhos têm mais álcool do que as cervejas.Se olhares para o rótulo de uma bebida alcoólica, verás qual é a respectiva graduação, pois a lei obriga a que o teor de álcool esteja visível para o consumidor.
Por causa destas diferenças de percentagem de álcool entre as bebidas, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu padrões, ou seja quantidades de referência para que cada pessoa se aperceba do que é que está a beber.Então, a unidade de bebida padrão – ou seja, a referência - é a de uma bebida que contenha 10gr de álcool.
Que quantidades de que tipo de bebidas contêm, então, esses 10gr. de álcool?
250ml de cerveja a 5º
125ml de vinho a 12º
50 ml de aperitivo a 25º
25ml de bebida destilada a 40ºSabes a partir de que quantidades é que os especialistas consideram que se está a correr riscos? No caso dos homens, estarão a correr riscos para a sua saúde se beberem mais do que 2 bebidas padrão por dia, em mais do que 5 dias por semana. No caso das mulheres, os riscos existem se beberem mais do que 1 bebida padrão por dia, em mais do que 5 dias da semana. Isto, se forem adultos e adultas saudáveis!
O tipo de álcool, a quantidade ingerida, a velocidade com que se bebe, quantidade de comida no estômago, o consumo de algum medicamento, a personalidade da pessoa que consome, a sua idade, o seu estado de saúde, o contexto em que bebe, tudo isso são factores que podem indicar risco mesmo só com uma ou duas bebidas padrão. -
Vício
Quando falamos de vício estamos a falar de um hábito em que a pessoa tem de fazer algo que lhe é prejudicial, do ponto de vista físico, psicológico ou ambos.
Habitualmente, quem trabalha no campo das adições, não utiliza a palavra “vício” porque está vulgarizada como sendo algo reprovável do ponto de vista moral.
Preferimos usar a palavra “dependência” quando alguém tem problemas de adição a substâncias ou a comportamentos.