O cancro foi considerado, durante muitos séculos, como uma enfermidade irremediável e mortal, mas atualmente é uma doença cada vez mais suscetível de cura ou de evolução crónica, apresentando uma taxa de sobrevida já superior a 50%.
Ainda assim, o cancro continua a ser a segunda causa de morte em todo o mundo e, segundo dados do Observatório Global de Cancro (Globocan, 2020), em 2020 registaram-se, em Portugal, 60.467 novos casos e 30.168 mortes.
Num mundo em constante mutação, a luta contra o cancro é marcada por uma constante atualização de conhecimentos e recursos, melhoria de procedimentos e respostas, que se traduz num melhor diagnóstico e tratamento, com grande investimento na qualidade de vida dos doentes.
Sendo certo que muito está ainda por descobrir, há uma certeza que ganha cada vez mais preponderância: nem tudo depende do conhecimento médico e cada um de nós pode fazer a diferença com simples escolhas quotidianas.
A primeira dessas escolhas será, porventura, não ter medo de nomear a doença. Efetivamente, em tempos idos (mas ainda lembrados), o cancro era uma doença cujo nome era apenas sussurrado e substituído por expressões como “mal, malzinho”. Conhecer o nosso inimigo, as suas estratégias e armas é o primeiro passo para ganhar a luta. Por isso o investimento na (in)formação e educação para a Saúde, com ênfase para a prevenção é cada vez mais pertinente, desmistificando a doença e clarificando os conceitos inerentes, de forma a capacitar a população a gerir todas as situações decorrentes da doença.
SABEMOS QUE A INFORMAÇÃO NÃO BASTA, MAS É UM PRIMEIRO PASSO.
Sendo uma doença com origem celular, o cancro é inerente à nossa existência e o envelhecimento é, sem dúvida, o primeiro fator de risco do qual não podemos escapar. Existem, no entanto, muitos outros fatores que dependem das nossas decisões.
O Código Europeu Contra o Cancro apresenta 12 recomendações alertando para questões relacionadas com o tabagismo, atividade física e alimentação, consumo de bebidas alcoólicas, exposição a radiação ultravioleta e outras no âmbito laboral, vacinação e rastreios.
É necessário conhecer para atuar. É necessário saber para prevenir.
O cancro é muitas vezes caracterizado como uma “doença silenciosa” pois pode desenvolver-se durante anos no nosso corpo sem causar qualquer sintoma. É, por isso, muito importante a prevenção primária - evitando comportamentos que podem levar ao aparecimento de cancro como, por exemplo, fumar ou ter uma exposição desregrada ao sol. Igualmente importante é a prevenção secundária – em que agimos ativamente no sentido de uma deteção precoce, pelo que participação nos rastreios oncológicos é essencial.
RASTREAR É PREVENIR.
Muito temos ouvido falar sobre o impacto da COVID-19 na prevenção e tratamento da doença oncológica. A retoma dos rastreios, nomeadamente do cancro da mama e do cancro colorretal, já teve início e a adesão da população a estas medidas de saúde pública é essencial.
Em Valongo, Campo e Sobrado, o rastreio do cancro da mama deverá retomar ainda este mês com a presença da nossa unidade móvel. Esta vigilância regular dirigida às mulheres entre os 50 e os 69 anos visa um diagnóstico precoce (descobrindo tumores muito pequenos, muitas vezes não palpáveis) que possibilita tratamentos menos mutilantes e menos traumatizantes, e uma sobrevida livre de doença e globalmente mais longa.
O município de Valongo está também incluído no rastreio do cancro colorretal em curso. Também aqui a participação dos maiores de 50 visa a deteção e tratamento precoce evitando tratamentos agressivos e mesmo a perda de vidas.
CORREMOS JUNTOS
Ao longo dos últimos 80 anos a atividade da Liga Portuguesa Contra o Cancro tem incentivado a população no sentido de ser cada vez mais consciente destas questões e promotora da sua saúde. Maio é tradicionalmente o mês das corridas contra o cancro. Em 2021, como em 2020, vamos fazer de forma virtual a nossa corrida para a vida. Contamos com a participação! Saiba que pode sempre contar connosco na sua corrida pessoal – seja na prevenção, seja no tratamento – contra a doença.
Estamos prontos a continuar a inovar para chegar ainda mais longe, para informar mais e melhor, para motivar e apoiar a mudança e a adoção de estilos de vida saudáveis pois temos a certeza de que esse é o caminho para uma vida mais saudável e com menos cancros!
Cristiana Fonseca
Departamento de Educação para a Saúde
Liga Portuguesa Contra o Cancro – Núcleo